quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O que pensam os professores sobre o PIBID e os Estágios Supervisionados: Um estudo de caso

Linha Temática: Pibid: Desafios e Perspectivas


O que pensam os professores sobre o PIBID e os Estágios Supervisionados:
Um estudo de caso



Liliane Oliveira Almeida
Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Pedagogia Anos Iniciais do Ensino Fundamental

Marina Santos Andrade
Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Pedagogia Anos Iniciais do Ensino Fundamental

ProfªDrªEnnia Débora Passos Braga Pires
Coordenadora do Subprojeto Pedagogia Anos Iniciais do Ensino Fundamental



Introdução

O presente trabalho propõe um exercício de reflexão sobre a concepção da escola, em específico, dos docentes em relação ao PIBID (Programa Institucional de Bolsistas de Iniciação a Docência) e aos Estágios Supervisionados oferecidos pela Universidade, analisando a formação docente e suas ações no tocante a pertinência entre o que se fala e o que se faz na atuação dos discentes na escola de Educação Básica.
No processo formativo, o professor se depara com diversos desafios, dentre os quais, o primeiro contato com os alunos, sua postura enquanto docente e seu método de trabalho. No entanto, quando se fala do Programa, pode se pensar que se trata de um estágio e, na verdade, é mais que isso: é uma ótima oportunidade para o futuro docente ainda em formação, possa enriquecer a sua vida enquanto futuro profissional da educação através das experiências vividas em sala de aula, na escola e nas vivências no grupo de estudo do Subprojeto.
No decorrer do ano letivo, as escolas recebem muitos universitários que se inserem em seu interior para desenvolver diversas atividades: de pesquisas, aulas práticas, estágios, atividades de extensão, dentre outras. De acordo com a proposta de cada atividade, a imersão dos universitáriosna escola ocorre de forma diferenciada quando ao período, ao envolvimento e à integração com a comunidade escolar. Contudo, alguns profissionais da escola manifestavam confusão ao se referirem aos estudantes revelando não ter a clareza da natureza das atividades que iriam desenvolver na escola, principalmente, em relação aos bolsistas do PIBID e os alunos estagiários.
Diante desta constatação, surgiu a necessidade de investigar o que pensam os professores sobre a atuação dos bolsistas do PIBID e dos estagiários.Os achados do estudo podem esclarecer se ainda há falta de esclarecimento quanto à proposta dessas atividades na escola de Educação Básica.


Metodologia

As reflexões apresentadas neste trabalho tiveram como subsídios as vivências enquanto bolsistas de iniciação à docência, na Escola Ediraní Pacífico Góes, no decorrer do ano de 2014.
É um trabalho de natureza qualitativa, tendo como instrumentos de coleta de dados a observação e a conversas informais. Os participantes de estudo foram os professores da Escola Ediraní Pacífico Góes e os bolsistas do Subprojeto de Pedagogia linha de ação Anos Iniciais do Ensino Fundamental.


Resultados e Discussão

Através das conversas informais podemos perceber que os docentes veem o PIBID como um programa que oportuniza o discente atuar na Educação Básica mais cedo, onde o aluno tem o compromisso de estar ali toda semana, tendo uma interação maior com as crianças, com os docentes e com a equipe gestora da escola.  Ao contrário dos estagiários que, segundo os professores, vão “apenas” para cumprir carga horária da disciplina, alguns dos quais, não têm um envolvimento com a escola, nem com a própria turma com a qual irá trabalhar, e aplicam, muitas vezes, conteúdos soltos, desarticulados do trabalho do professor regente. Essa é a questão crucial quando os professores apontam a diferença entre o PIBID e os Estágios Supervisionados.
As conversas com as professores também revelaram que elas se sentem privilegiadas com a atuação das bolsistas, apontaram o desempenho satisfatório de cada uma, a força de vontade de estar contribuindo com a escola e, também, o empenho no desenvolvimento das atividades planejadas nas reuniões de estudo do subprojeto.
Através das observações, percebemos que os professores da Educação Básica e gestores interagem mais com os bolsistas de iniciação à docência do que com os estagiários. Quanto a estes últimos, as observações nos permitem revelar certo distanciamento com a escola e seus atores. Não cabe neste estudo analisar os motivos que geram esse distanciamento. Contudo, esta constatação sinaliza a necessidade de se repensar o “formato” dos Estágios Supervisionados nos cursos de Licenciaturas.
Na perspectiva do grupo dos bolsistas de iniciação à docência que atuam na escola participante do estudo, o Programa é uma ponte que permite a realização de pesquisas e a busca de soluções para os desafios presentes na educação, enquanto os Estágios Supervisionados são considerados apenas um complemento no Curso de Pedagogia, algo obrigatório. 
O PIBID tem possibilitado a criação grupos de estudos juntamente com a coordenação e supervisão do subprojeto, momentos nos quais são discutidos e socializados estudos e reflexões pedagógicas que têm subsidiado a atuação dos bolsistas na escola, além de fomentar o desempenho acadêmico satisfatório nas diversas disciplinas do Curso de Pedagogia, permitindo o livre tráfego entre a teoria e a prática vivenciada na escola, tornando o conhecimento dos saberes da docência muito mais significativo.A esse respeito, afirma Freire (199, p.29) adverte:

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses quefazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago, e me indago.

A docência é construída a partir dos saberes e vivências refletidas que engendram uma “personalidade” docente, podendo ter o seu início entendido como um continuum, do qual faz parte a experiência acumulada durante a passagem pela escola enquanto estudante, a formação profissional específica – que tem sido denominada formação inicial -, a iniciação na carreira e a formação contínua (LIMA, 2004). Esta autora apresenta uma caracterização relativa à fase inicial da docência, como:

Basicamente, pela passagem de estudante a professor, iniciada já durante o processo de formação inicial, por meio da realização de atividades de estágio e prática de ensino. Entretanto, neste caso, o contato dos estudantes com o campo profissional é exógeno, ou seja, eles ainda não são efetivamente profissionais. Assim, as características do início da docência aí se manifestam com algumas especificidades (LIMA, 2004, p. 01).

Um educador, que se preocupa com que a sua prática educacional esteja voltada para a transformação, não poderá agir inconsciente e irrefletidamente. Cada passo de sua ação deverá estar marcado por uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde possivelmente está encaminhando os resultados de sua ação.

Considerações Finais

O PIBID contribui no desenvolvimento de atividades, na relação teoria e prática, na aproximação universidade/educação básica, ratificando como o profissional deve ser comprometido a ponto de criar caminhos para exercer seu trabalho com qualidade. Proporciona também a criação de grupos de estudos juntamente com a coordenação e supervisão do subprojeto. Momentos nos quais são discutidos e socializados estudos e reflexões pedagógicas que têm facilitado a nossa atuação na escola além do bom desempenho acadêmico nas diversas disciplinas do Curso de Pedagogia.
Ademais, salientamos que os professores participantes do estudo evidenciaram os ganhos advindos das ações dos bolsistas do PIBID no desenvolvimento do trabalho pedagógico na escola, apontando, também, diferenças em relação à proposta e aos resultados do Programa em relação aos Estágios Supervisionados realizados por alunos das licenciaturas da Universidade.


Referências
CARVALHO, Marlene. Alfabetizar eLetrar: um diálogo entre teoria e prática.8 ed. Petrópolis, RJ; Vozes, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 35 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LIMA, Emília F. de. A construção do início da docência: reflexões a partir de pesquisas brasileiras. Revista do Centro de Educação, Universidade Federal de Santa Maria, v. 29, n. 2, 2004. (mimeo).

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