quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Jogos e brincadeiras no recreio dirigido – uma experiência no PIBID

Linha Temática: PIBID: desafios e perspectivas



Jogos e brincadeiras no recreio dirigido – uma experiência no PIBID

Tamiles Pereira da Silva¹
¹Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto dePedagogia - Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Alana Rocha Bittencourt²
²Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto de Pedagogia - Anos Iniciais do Ensino Fundamental
ProfªDrªEnnia Débora Passos Braga Pires³
³Coordenadora do Subprojeto de Pedagogia - Anos Iniciais do Ensino Fundamental


Introdução

            O presente trabalho discute estratégias de intervenção dos bolsistas de iniciação à docência para tornar o recreio mais dinâmico e amenizar a indisciplina dos alunos do Centro Educacional Ismael Cruz Lima, escola da rede pública municipal de Itapetinga-BA. A intervenção no recreio teve o objetivo de torná-lo um momento de interação, diversão, descontração e aprendizado, minimizando assim, conflitos e brincadeiras indesejadas que muitas vezes causam discussões e acidentes. Para tanto, buscou-se verificar quais as brincadeiras utilizadas pelos alunos em seus momentos de lazer, conhecer e analisar o espaço onde é realizado o recreio e como são organizadas as brincadeiras durante esse tempo.
            O trabalho de Scott (2009) foi inspirador para a realização deste estudo no sentido de oferecer pistas para ampliar o escopo investigativo, expandindo, assim, a gama de aspectos a serem observados e analisados. Em seu estudo, a autora aponta quatro aspectos a serem analisados sobre a realização do recreio, a saber: o tempo, o espaço físico, a organização do espaço e pessoas que interagem nesse espaço-tempo.

É necessário analisar o tempo do recreio; o espaço no qual é realizado;analisar se é possível e viável que todas as turmas, independente da faixa etária, interajam no mesmo horário. Enfim, estes, dentre outros aspectos, foram observados no intento de oferecer informações necessárias para subsidiar as escolhas na intervenção dos bolsistas do PIBID no recreio.


Metodologia

O trabalho foi realizado no Centro Educacional Ismael Cruz Lima, localizado no município de Itapetinga - BA, uma das escolas onde se desenvolve o Subprojeto de Pedagogia – Séries Iniciais do Ensino Fundamental, do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência(PIBID), coordenado pela professora DrªEnnia Débora Passos Braga Pires, tendo como objetivo inserir os acadêmicos de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) - campus Itapetinga no cotidiano de escolas da rede pública, possibilitando a integração entre a Educação Superior e a Educação Básica.
Como instrumento de coleta de dados optou-se pela observação da dinâmica do recreio tendo como foco os aspectos já mencionados: o tempo, o espaço físico, a organização do espaço e pessoas que interagem nesse espaço-tempo.
As observações foram realizadas no período de Abril à Outubro de 2014 e os elementos avisados apontavam necessidade de se trabalhar atividades dirigidas no momento do recreio e, ao mesmo tempo, orientaram as escolhas das estratégias de intervenção dos bolsistas do PIBID na escola.
O dia em que foi comemorado do “Dia da Criança” na escola foi escolhido para a realização da intervenção pedagógica no recreio. Durante o recreio dirigido, foram realizadas algumas brincadeiras com os alunos, em que todos puderam participar, independentemente da sua faixa etária, com a supervisão dos bolsistas. Como a escola possui dez turmas, do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental, o tempo foi dividido para cada duas turmas, foram cinquenta minutos para cada, em todos os jogos, em que poderiam escolher a brincadeira ou jogo que gostariam de participar.
Dentre as brincadeiras e jogos disponibilizados estavam: o futebol, pula corda, dominó, dominó de inglês, “Resta 1” e o jogo “Quem sou eu?”.            

Resultados e Discussão


As observações do recreio revelaram que a duração do mesmo é de 20 minutos, tempo suficiente para realização de brincadeiras e jogos que façam com que interajam entre si e estimule o respeito mútuo. O espaço físico da escola onde acontece o recreio é calçado com paralelepípedos, a céu aberto e é arborizado, é vazio, não tem parque, o que deixa os alunos sem opção de brincadeiras, já que os brinquedos são mantidos guardados, só são liberados a partir de alguma atividade proposta pelo professor. O recreio não é organizado por faixa etária, possibilitando um contato com os alunos das outras turmas, sendo assim, é possível escolher com quem brincar.
A partir de todas as observações feitas, constatou-se que as brincadeiras eram sempre corre, pega-pega e futebol. Na maioria das vezes, essas brincadeiras resultavam em empurrões, agressões verbais e geravam confusão entre os alunos.Na ausência de brinquedos, brincadeiras e jogos e mesmo de uma orientação adulto/criança, restavam apenas brincadeiras de correr, empurrar o colega, brincar de luta, resultando sempre em agressões verbais ou físicas.No momento do recreio, na escola estudada, não é desenvolvida qualquer atividade lúdica com os alunos.
Além de possibilitar diversão, prazer e o desenvolvimento afetivo-social, as atividades lúdicas possibilitam, também, o desenvolvimento de vários aspectos cognitivos e motores.  Como diz Ferreira, (2000, p. 115), “as atividades lúdicas, pelas suas próprias características, podem possibilitar o convívio com as mais diversas habilidades. Elas poderão atender tanto as crianças que tem pendores para a arte, como aquelas que têm muita destreza física”.
            Quando a criança participa do jogo, ela tem o objetivo de obter sucesso, os jogos e as brincadeiras são veículos capazes de proporcionar essa sensação nas crianças, além de levar uma mensagem educacional de regras e objetivos a serem atingidos. Com a variedade de jogos propostos é possível atender cada aluno de acordo à sua afinidade, quem gosta de arte, vai fazer arte, quem prefere jogos, vai jogar, e assim, sucessivamente.
Mesmo sendo desenvolvido em um espaço despido de artefatos e atividades lúdicas direcionadas, orecreio é o momento mais esperado pelos alunos durante as aulas, pois têm a oportunidade de estarem livres para escolher o que fazer. Diante destas constatações, os bolsistas do PIBID concluíram que o recreiose configurava como um momento que carecia de uma intervenção pedagógica e que poderia ser trabalhado para que fosse um espaço/tempo de diversão, interação, descontração e também de aprendizagem. Minimizar a ocorrência de atitudes agressivas comuns no decorrer do recreio.
            Os bolsistas do PIBID elaboraram um plano de intervenção com jogos variados, que possibilitassem aos alunos a escolha de qual participar, e diminuíssem as brincadeiras que geravam atritos entre eles, ao mesmo tempo, proporcionando momentos de diversão, prazer e aprendizado. Para a realização do recreio dirigido, optou-se pelo dia em que foi comemorado o “Dia das Crianças” na escola por ser uma data comemorativa em que, geralmente, as escolas realizam atividades diversificadas. Durante o planejamento, foram selecionadas brincadeiras e jogos variados que seriam propostos aos alunos. O propósito era possibilitar às crianças a vivência de atividades lúdicas, momentos de descontração quando poderiam brincar e se divertirem,obedecendo as regras dos jogos, com atividades diferenciadas que estimulassem uma convivência harmoniosa.
            Os bolsistas analisaram os jogos e brinquedos já existentes na escola e fizeram a seleção de alguns, dentre os quais: a bola, a corda e jogos de competição. Dessa forma O futebol é uma atividade que eles gostam e praticam constantemente, o pula corda porque é uma brincadeira que as meninas se identificam, o resta 1, o dominó, o dominó inglês e o “Quem sou eu?”, foram escolhidos com o objetivo de estimular o raciocínio lógico dos alunos.
No desenvolvimento das atividades as turmas foram divididas em duas em duas, enquanto as duas turmas brincavam, as outras permaneciam em sala de aula com atividades normais, 9 bolsistas estavam responsáveis pela recreação e os professores não participaram. Os alunos escolheram que jogo queriam jogar, e participaram até o final, visto que eram atividades que eles gostavam, tornando a realização das atividades pacífica e organizada.
Foi perceptível que durante as atividades desenvolvidas, as atitudes violentas minimizaram, pois os alunos estavam atentos e concentrados nos objetivos e regras que os jogos propunham. Já que o espaço que a escola possui, é amplo, os alunos puderam participar sem causar tumultos ou confusões. Eles gostaram muito do recreio dirigido, apesar de ter sido somente um dia, e inclusive faziam comentários sobre como seria bom se tivessem mais momentos como aqueles. Desta forma, é notório o quanto simples brincadeiras e jogos podem estimular os alunos a respeitarem, obedecerem regras e interagirem com outras crianças.

Considerações

            O presente trabalho, que é um recorte das ações desenvolvidas pelos bolsistas do PIBID do subprojeto de Pedagogia – Séries iniciais do Ensino Fundamental, em uma das escolas parceiras é um exemplo de como a aproximação entre a Educação Superior e Educação Básica pode somar esforços para uma melhor qualidade do ensino público como também dando novos contornos para a formação dos futuros docente.
Conscientes das limitações da experiência, por ter sido desenvolvida em um único dia, os bolsistas acreditam que lançaram uma semente que pode vir a frutificar. A experiência foi proveitosa e expressiva e pode contribuir para o repensar da prática até então desenvolvida na escola, dando um outro sentido ao espaço/tempo do recreio na escola. Através da intervenção no recreio dirigido pode-se constatar que houve melhoria nas relações entre os alunos, respeito, afetividade, bem como o desenvolvimento cognitivo, raciocínio lógico, socialização e a curiosidade.
Ademais, a equipe de bolsistas e os profissionais da escola consideraram a intervenção através do recreio dirigido exitosa sendo uma possibilidade viável para a realização de intervalo saudável, divertido, pacífico e agradável.

Referências

FERREIRA, Oliveira e Inácio. Narrativas Docentes. Uma experiência que tem ressignificado. Campinas: Mercado de Letras, 2007.


SCOTT, Telma. Recreio brincar do que quiser ou do que for possível? Disponível em: http://www.sidarta.g12.br/i-ta-brincar.aspx acesso em 12 de novembro 2014.

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