Linha Temática: Pibid: Desafios e Perspectivas
Um estudo de caso
Liliane Oliveira Almeida
Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Pedagogia
Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Marina Santos Andrade
Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Pedagogia Anos
Iniciais do Ensino Fundamental
ProfªDrªEnnia Débora Passos Braga Pires
Coordenadora do Subprojeto Pedagogia Anos Iniciais do Ensino
Fundamental
Introdução
O
presente trabalho propõe um exercício de reflexão sobre a concepção da escola,
em específico, dos docentes em relação ao PIBID (Programa Institucional de
Bolsistas de Iniciação a Docência) e aos Estágios Supervisionados oferecidos
pela Universidade, analisando a formação docente e suas ações no tocante a pertinência
entre o que se fala e o que se faz na atuação dos discentes na escola de
Educação Básica.
No
processo formativo, o professor se depara com diversos desafios, dentre os
quais, o primeiro contato com os alunos, sua postura enquanto docente e seu
método de trabalho. No entanto, quando se fala do Programa, pode se pensar que
se trata de um estágio e, na verdade, é mais que isso: é uma ótima oportunidade
para o futuro docente ainda em formação, possa enriquecer a sua vida enquanto
futuro profissional da educação através das experiências vividas em sala de
aula, na escola e nas vivências no grupo de estudo do Subprojeto.
No
decorrer do ano letivo, as escolas recebem muitos universitários que se inserem
em seu interior para desenvolver diversas atividades: de pesquisas, aulas
práticas, estágios, atividades de extensão, dentre outras. De acordo com a
proposta de cada atividade, a imersão dos universitáriosna escola ocorre de
forma diferenciada quando ao período, ao envolvimento e à integração com a
comunidade escolar. Contudo, alguns profissionais da escola manifestavam confusão
ao se referirem aos estudantes revelando não ter a clareza da natureza das
atividades que iriam desenvolver na escola, principalmente, em relação aos
bolsistas do PIBID e os alunos estagiários.
Diante
desta constatação, surgiu a necessidade de investigar o que pensam os
professores sobre a atuação dos bolsistas do PIBID e dos estagiários.Os achados
do estudo podem esclarecer se ainda há falta de esclarecimento quanto à
proposta dessas atividades na escola de Educação Básica.
Metodologia
As reflexões apresentadas neste trabalho tiveram como subsídios as vivências
enquanto bolsistas de iniciação à docência, na Escola Ediraní Pacífico Góes, no
decorrer do ano de 2014.
É um trabalho de natureza qualitativa, tendo como instrumentos de coleta
de dados a observação e a conversas informais. Os participantes de estudo foram
os professores da Escola Ediraní Pacífico Góes e os bolsistas do Subprojeto de
Pedagogia linha de ação Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Resultados e Discussão
Através das
conversas informais podemos perceber que os docentes veem o PIBID como um
programa que oportuniza o discente atuar na Educação Básica mais cedo, onde o
aluno tem o compromisso de estar ali toda semana, tendo uma interação maior com
as crianças, com os docentes e com a equipe gestora da escola. Ao contrário dos estagiários que, segundo os
professores, vão “apenas” para cumprir carga horária da disciplina, alguns dos
quais, não têm um envolvimento com a escola, nem com a própria turma com a qual
irá trabalhar, e aplicam, muitas vezes, conteúdos soltos, desarticulados do trabalho
do professor regente. Essa é a questão crucial quando os professores apontam a
diferença entre o PIBID e os Estágios Supervisionados.
As conversas
com as professores também revelaram que elas se sentem privilegiadas com a
atuação das bolsistas, apontaram o desempenho satisfatório de cada uma, a força
de vontade de estar contribuindo com a escola e, também, o empenho no
desenvolvimento das atividades planejadas nas reuniões de estudo do subprojeto.
Através
das observações, percebemos que os professores da Educação Básica e gestores
interagem mais com os bolsistas de iniciação à docência do que com os
estagiários. Quanto a estes últimos, as observações nos permitem revelar certo distanciamento
com a escola e seus atores. Não cabe neste estudo analisar os motivos que geram
esse distanciamento. Contudo, esta constatação sinaliza a necessidade de se
repensar o “formato” dos Estágios Supervisionados nos cursos de Licenciaturas.
Na
perspectiva do grupo dos bolsistas de iniciação à docência que atuam na escola
participante do estudo, o Programa é uma ponte que permite a realização de
pesquisas e a busca de soluções para os desafios presentes na educação,
enquanto os Estágios Supervisionados são considerados apenas um complemento no
Curso de Pedagogia, algo obrigatório.
O PIBID tem possibilitado a criação grupos de estudos juntamente com a
coordenação e supervisão do subprojeto, momentos nos quais são discutidos e
socializados estudos e reflexões pedagógicas que têm subsidiado a atuação dos
bolsistas na escola, além de fomentar o desempenho acadêmico satisfatório nas
diversas disciplinas do Curso de Pedagogia, permitindo o livre tráfego entre a
teoria e a prática vivenciada na escola, tornando o conhecimento dos saberes da
docência muito mais significativo.A esse respeito, afirma Freire (199, p.29)
adverte:
Não há ensino sem
pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses quefazeres se encontram um no corpo do
outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco,
porque indaguei, porque indago, e me indago.
A docência é construída a
partir dos saberes e vivências refletidas que engendram uma “personalidade”
docente, podendo ter o seu início entendido como um continuum, do qual faz parte a experiência acumulada durante a
passagem pela escola enquanto estudante, a formação profissional específica –
que tem sido denominada formação inicial -, a iniciação na carreira e a
formação contínua (LIMA, 2004). Esta autora apresenta uma caracterização
relativa à fase inicial da docência, como:
Basicamente, pela passagem de estudante a
professor, iniciada já durante o processo de formação inicial, por meio da
realização de atividades de estágio e prática de ensino. Entretanto, neste
caso, o contato dos estudantes com o campo profissional é exógeno, ou seja,
eles ainda não são efetivamente profissionais. Assim, as características do
início da docência aí se manifestam com algumas especificidades (LIMA, 2004, p.
01).
Um
educador, que se preocupa com que a sua prática educacional esteja voltada para
a transformação, não poderá agir inconsciente e irrefletidamente. Cada passo de sua ação deverá
estar marcado por uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde
possivelmente está encaminhando os resultados de sua ação.
Considerações Finais
O PIBID
contribui no desenvolvimento de atividades, na relação teoria e prática, na aproximação
universidade/educação básica, ratificando como o profissional deve ser
comprometido a ponto de criar caminhos para exercer seu trabalho com qualidade.
Proporciona também a criação de grupos de estudos juntamente com a
coordenação e supervisão do subprojeto. Momentos nos quais são discutidos e socializados
estudos e reflexões pedagógicas que têm facilitado a nossa atuação na escola além
do bom desempenho acadêmico nas diversas disciplinas do Curso de Pedagogia.
Ademais,
salientamos que os professores participantes do estudo evidenciaram os ganhos advindos
das ações dos bolsistas do PIBID no desenvolvimento do trabalho pedagógico na
escola, apontando, também, diferenças em relação à proposta e aos resultados do
Programa em relação aos Estágios Supervisionados realizados por alunos das
licenciaturas da Universidade.
Referências
CARVALHO, Marlene. Alfabetizar eLetrar: um diálogo entre teoria e prática.8 ed. Petrópolis, RJ; Vozes, 2001.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia:
Saberes necessários à prática educativa. 35 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
LIMA, Emília F. de. A
construção do início da docência: reflexões a partir de pesquisas brasileiras. Revista do Centro de Educação,
Universidade Federal de Santa Maria, v. 29, n. 2, 2004. (mimeo).